Os 'judeus' em minúscula, plural, entre aspas, não são o judeu concreto nem devem ser confundidos com este. O Ocidente não sabe o que fazer com 'o judeu'; 'o judeu' é o inassimilável. No entanto, ele é portador da Lei, que é a vontade de Deus, o Esquecido, de que o Ocidente tem necessidade. Na primeira parte do livro o autor estuda o que ele denomina 'os judeus' e procura, sobretudo na Psicanálise freudiana, a explicação para o esquecimento que se insere na psique humana. Na segunda parte, Lyotard, interroga-se como foi possível que Heidegger esquecesse, na sua obra, 'os judeus'. A questão de Lyotard é como é que o pensamento de Heidegger, tão aplicado em lembrar o que há de esquecimento, do ser, no pensamento, na arte, na representação do mundo, pode ignorar o pensamento 'dos judeus' Entrando em vivo debate com Farias - que acusa Heidegger e o condena - e com Fédier - que defende o filósofo alemão e o inocenta - Lyotard concentra-se neste esquecimento, estudando o Ser e Tempo. Lyotard não toma uma posição definitiva. No entanto, conduz o leitor a tomar a sua posição. Afinal na história do pensamento ocidental, Auschwitz já é um divisor - antes e depois de Auschwitz. Um livro de leitura obrigatória para todos.