Este livro sintetiza quatro décadas de experiência com a linguagem, aqui entendida como um instrumento fundamental, tanto de dominação (quando manipulada pelas elites) quanto de emancipação (quando colocada na perspectiva daqueles a quem Walter Benjamin qualificaria como a 'legião dos vencidos'). Se Paulo Freire mostrou que a apropriação da linguagem pelo oprimido é um ato potencialmente revolucionário, Giannotti aborda o problema tal como ele se apresenta na vida contemporânea dos movimentos sociais, da luta sindical, dos milhões de brasileiros diariamente submetidos ao bombardeio ideológico promovido pela grande mídia. O autor não se limita à denúncia. Ao contrário, propõe um desafio - como fazer do ato comunicativo um momento de criação, não alienado e mobilizador? Como traduzir e criticar, em termos compreensíveis e não empobrecidos pelo simplismo vulgar, a linguagem empolada dos intelectuais, jornalistas, economistas e 'especialistas' dos patrões? Como fazer da 'mídia alternativa' um eixo de organização em defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais? O leitor não encontrará respostas e fórmulas prontas, mas será convidado a ocupar o lugar de protagonista de seu próprio discurso, um 'formulador de significados' no sentido mais radical do termo. Só que também será levado a perceber que a condição de 'protagonista' não se constrói no mundo individualista e isolado concebido pela burguesia, mas na atividade prática, em sociedade com a multidão de outros indivíduos que serão os seus interlocutores com potencialidades equivalentes. Em síntese - para Giannotti, a construção de uma linguagem da liberdade será um ato coletivo, ou simplesmente não será.