A publicação em versão brasileira de Estratégias de Comunicação de António Pena é particularmente oportuna. Resultado da tese de doutoramento do autor, especialmente revista para esta edição, a obra revela as melhores características do seu autor, quer do ponto de vista ético-político em que se coloca e que caracteriza o percurso de António Pena militar ilustre tendo sido responsável na Revista Militar, empenhado no serviço à comunidade, mas também professor influente na Universidade Lusófona de Lisboa, e, acima de tudo, a sua permanentemente vinculação com os valores humanos de solidariedade, diálogo e companheirismo. Estes valores estão presentes nesta obra, de maneira complexa, não afetando o seu caráter científico, mas criando balizamentos para a própria estratégia científica. De facto, para o autor não vale tudo, são precisas escolhas e decisões e delas somos responsáveis. É a sua noção lata de comunicação que permite uma boa articulação entre a dimensão valorativa e a dimensão científica. Trata-se assim de constituir um novo modelo de mediação, mas em que se procura dotar o mediador dos instrumentos analíticos necessários para interpretar a complexidade da vida contemporânea, bem como os desafios que se colocam às instituições e empresas, que a envolvem, como afirma o livro desde o início, em situações complexas e pejadas de riscos vários constituídos por inúmeros factores externos e internos, colocando desafios de cuja resposta depende o seu desenvolvimento saudável ou o risco de puro e simples desaparecimento. Para António Pena os conflitos, diferendos e dissonâncias dentro de uma instituição, de certo modo inevitáveis, não podem por em causa o espaço de vida que cada uma delas constitui e de cuja sustentabilidade depende a participação de todos e de cada um.