Os contos de Machado de Assis são irônicos, irreverentes, despretensiosos e geniais. Por debaixo das águas fundas e magistrais de sua escrita, mostram-se gigantescas pedras refletoras do homem, tanto em sua complexidade imprevisível, como em 'A igreja do Diabo', quanto em sua mortal ingenuidade, como no conto 'A Cartomante'. Os desejos de uma solteirona, expressos em 'A Carta', ou os sonhos das jovens, envoltas em suas vidas cotidianas, submersas nas mais românticas fantasias, como em 'Curta História'. Os infortúnios do acaso, que mudam o rumo de nossas vidas, assim como os passos de um bêbado pelas calçadas do mundo, são uma das inúmeras especialidades de Machado. 'Virginius' de um modo triste e 'A carteira' de um modo cômico-trágico expressam isto.