Em 1968, Milton Friedman escrevia: "Há um largo consenso quanto às principais finalidades da política económica: emprego elevado, preços estáveis e crescimento rápido. Há um consenso mais fiável em afirmar que estes objectivos são compatíveis entre si [...]. Não há consenso quanto ao papel que os diversos instrumentos de política económica podem e deveriam desempenhar para satisfazer estes objectivos". É incontestável que alguns pontos são largamente partilhados pelos economistas: as tarifas aduaneiras e as quotas reduzem o bem-estar, o mecanismo dos preços é considerado eficaz, logo desejável. As finanças públicas deveriam estar em equilíbrio no conjunto do ciclo e não anualmente, etc. Mas há outras análises em que as correntes keynesiana e liberal são radicalmente opostas. Para o keynesianismo, o desemprego é essencialmente involuntário; no pensamento liberal, é totalmente voluntário. Os keynesianos calculam que existem estruturas de mercado imperfeitas, defeitos de coordenação ou que a incerteza é radical; as políticas económicas de estabilização impõem-se. Os neoclássicos acreditam que os indivíduos são racionais, maximizadores e que as suas decisões se coordenam graças a uma ordem espontânea" (F. Von Hayek), isto é, graças aos mercados concorrenciais em que os preços são flexíveis; por isso, a política de estabilização deve ser proscrita. Se, numa imagem utilizada por A. Eichner e J. Kregel (1973), quiséssemos resumir as divergências entre as duas grandes correntes, poderíamos afirmar que o keynesianismo entende explicar o mundo tal como ele é e que o neoclassicismo quer demonstrar que este mundo poderia ser económica e socialmente óptimo. Os neoclássicos têm consciência da existência das imperfeições do mercado, dos defeitos de coordenação, etc., mas pensam que se deve fazer como se não existissem; em suma, descrevem o mundo tal como ele deveria ser. Nesta obra, os capítulos 1 a 5 apresentam a corrente keynesiana, os capítulos 6 a 10 são consagrados ao pensamento liberal. Uma obra que se destina a estudantes de Ciências Económicas e de Ciências Políticas, bem como a todos os leitores que procuram enriquecer o seu conhecimento em História do Pensameno Económico. BERNARD BERNIER é professor de História do Pensamento Económico.