Ivan Ilítch Pralínski, general e alto funcionário público, tem fama de liberal. Bonito e requintado, um poeta na alma, anda com uma condecoração no pescoço e sonha em ser estadista. Ao sair de um jantar, passa ao acaso na frente da festa do casamento de um de seus subalternos mais humildes e vê aí uma oportunidade: dar a honra de sua bondosa presença ao pobre Pseldonímov. Mas nada sai como planejado, e sua deferente visita se transforma numa espiral de constrangimento. Dostoiévski publicou Uma anedota infame primeiramen­te em capítulos em 1862 na revista Tempo, que mantinha com o irmão. No mesmo ano em que publicava Memórias da casa dos mortos, construiu esta afiada sátira sobre a luta de classes da Rús­sia do século XIX, um de seus temas mais caros. Ao contrário dos sombrios dramas que marcaram sua literatura, esta novela está carregada de uma falsa leveza. Sarcasticamente revela a visão de mundo de Dostoiévski: o ser humano apoia seu semelhante ao mes­mo tempo em que o esmaga cruelmente.