Este livro trata de um assunto cuja simples menção provoca olhares inquisitivos: ele reúne opiniões de pessoas que fazem dicionários, de quem os estuda e de quem os usa. Considerado de maneira global, o Brasil ocupa, em termos de dicionários, uma situação peculiar. A julgar pelos números de vendas e pela quantidade de títulos publicados, os dicionários figuram entre os livros de maior sucesso no país. No que se refere à lexicografia bilíngue, o panorama é animador. Está certo que os números impressionam mais pela diversidade de tipos, do que pela diversidade de línguas envolvidas... mesmo assim, tudo isso atesta o valor simbólico do dicionário e a importância de um livro como este: Mesmo quando a publicação de um dicionário não tem motivos políticos, ele é, para qualquer povo, o documento de seu direito de cidadania entre as nações desenvolvidas. Quando se fala de uma língua "que nem tem dicionário", seus falantes são relegados a uma classe secundária da humanidade. É nessa perspectiva que o surgimento de dicionários monolíngues reflete a vontade brasileira de ocupar um posto no Conselho Permanente da ONU, entre outras aspirações políticas. Lexicografia também é diplomacia. Por essas e outras muitas razões, o leitor encontrará neste livro vários pontos de vista, várias vozes que instruirão o leitor novato e inspirarão o expert.