O poeta mineiro volta a surpreender. Em tão pouco tempo, Jorge Emil estocou, em seu arsenal poético, armas - palavras e idéias - de grande alcance e precisão no combate à mesmice cotidiana. Seus textos desnudam as misérias humanas, denunciam as desigualdades sociais, mas se ancoram no poder da resistência outorgado pela poesia: "Ileso, pus o poema / pra sofrer em meu lugar" (p. 25). Ousado, lúcido, o poeta não camufla os males que assolam o país, nem "doura a pílula" da existência dolorosa; ao contrário, "de letra em riste" encara os conflitos do cotidiano urbano com o poder de sua arte. Com a força de seus textos, Jorge Emil reafirma que hoje se torna cada vez mais urgente navegar nas águas da poesia. É preciso mergulhar na vida, sorver todos os seus sabores: "Sê forte: não jejues da vida / só porque seu gosto é de morte" (p. 38), pois, apesar de tudo, em outro tempo, num tempo interior e sem medidas - particular de cada um - os sinos ainda surpreendem "(...) iguais àqueles que tocam no interior / do menino", resgatando os valores e a beleza da existência.