Quadrilha (Editora Arte Paubrasil), primeiro romance do jovem autor Fernando Rinaldi, trata da nova relação familiar do século XXI e aborda assuntos polêmicos como eutanásia, adultério e homossexualidade. Organizada em treze capítulos, a obra apresenta originalidade quanto à sua estrutura, como um roteiro de teatro ou cinema, trazendo um novo formato ao gênero tradicional de romance. Rinaldi narra, em prosa poética, os conflitos existenciais de quatro protagonistas, que têm suas vidas entrelaçadas em uma quadrilha familiar. De comum a eles, além dos laços de sangue, o escapismo diante de uma vida presente que lhes desagrada, um passado tenso e trágico e a total falta de perspectiva positiva do futuro. As personagens são narradas individualmente. Já os fatos que compõem a história estão enroscados num longo fio, com pouca noção de tempo ou espaço, e são revelados em linhas de poesia e prosa. Os conflitos se misturam também nas entrelinhas, deixando transparecer seus sentimentos. "O sugerido diz mais que o revelado", complementa o autor. No último capítulo, quatro poemas contam verdades diferentes sobre a tragédia que permeia toda a história. O objetivo é retratar a nova relação familiar e a falta de hierarquia em sua estrutura. "A família tradicional é uma instituição falida", afirma o Rinaldi que, num jogo constante de construção e desconstrução no desenvolvimento da trama, explora a intimidade das personagens. Dessa forma, o leitor depara sempre com uma surpresa, tornando a narrativa não previsível. Existe, portanto, um quebra-cabeça, tanto na história quanto na estrutura formal do livro. "A forma como foi construída a trama, elaborada com cuidado, é muito interessante. As personagens são convincentes e o leitor consegue enxergá-las através do que fazem, do que sentem", afirma Viviana Bosi na quarta capa do livro. Ela é professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP), 2º lugar do Jabuti 2009, na categoria poesia. Ávido leitor de grandes obras nacionais e internacionais, como as de Clarice Lispector e de Fiódor Dostoiévski, Rinaldi, que escreve desde criança, elaborou o romance entre os quinze e dezoito anos de idade. Influenciado pelos escritos psicológicos de Clarice, sua narrativa proporciona ao leitor um mergulho no mundo das personagens, descobrindo-os entravados a suas angústias, complexos e medos, viajando por uma linguagem literária repleta de metáforas e de simbologias, uma grande colcha de retalhos, em estrutura de flashback.