Na condição de prisioneiro da gaiola de ouro do capitalismo, engendrada pela Guerra Fria, o Brasil não conhece a obra de Lunatchárski, um dos maiores intelectuais da Revolução de Outubro de 1917, salvo pela antologia produzida pelo Editorial Progresso de Moscou de 1960 e publicada em português (de Portugal) com o título Sobre literatura e arte. Os mais interessados no tema da cultura política têm agora a oportunidade de conhecer outra amostra do trabalho do nosso Comissário do Povo para assuntos de educação e cultura. Este livro reconstitui sua trajetória de fundador do Proletkult às vésperas da Revolução de Outubro até o ano de sua morte. Nesse sentido, temos materiais que desmentem as calúnias que tanto o ocidente quanto os stalinistas lançaram sobre o projeto e a ação do Proletkult; por outro lado, nos dois textos que encerram este volume, sobre o realismo socialista, também podemos ver o militante que apesar de derrotado, não abandona o programa revolucionário e segue lutando por ele. Na fase ainda ascendente da revolução, nosso Comissário trata sobretudo dos assuntos relativos a teatro e às reivindicações de soldados e trabalhadores revolucionários para a cultura, bem como das responsabilidades do Estado Soviético diante dos caminhos abertos pela revolução e pelo desenvolvimento das forças produtivas no âmbito da cultura. É assim que define cinema como arma de luta no plano ideológico expondo e denunciando as estratégias americanas e europeias de propaganda dos valores e do modo de vida burguês. Numa palavra: lixo cultural sob a rubrica de arte. O Estado revolucionário não deve hesitar em usar esta arma, cultivando os valores do proletariado, como o senso de dignidade pessoal, o ódio a toda tirania e exploração, o desprezo pela hipocrisia e pela covardia; além de denunciar os vícios da burguesia, da burocracia etc.