Há palavras no universo de uma língua que estão vivas a muitíssimos anos luz daqui. Há outras que, nesse mesmo tempo, são como um sol estonteado ou firme na via láctea e fazendo nossos dias. Há palavras-lua dos planetas, palavras-mar vivo da terra, palavras-passarinhos voando aqui perto, palavras-estrelas parangolando o céu da noite da cidade. Todas inteiras e vibrantes em cada tamanho e distância. No mundo desse livro, no seu corpo de poemas, o sol, a palavra-sol é um grifo-pedrês. É ela que do seu alto lança raios de brilho luz-laranja, seu calor, para cada corpo de versos semoventes no invólucro biografado e vivo dessas páginas. E na história dos versos aqui, um grifo-pedrês, sol dos poemas, tragado na turbina de um avião no céu da África: Em que pese a obscuridade, tendo em vista a suprema covardia, todos os assassinos serão tragados pela marcha dos mártires esquecidos. O sol desponta nas entrelinhas, a iluminar os rostos assombrados. O sol desponta nas (...)