Há uma menina que ouve histórias. De seu avô, de seus pais, da vida que se faz aos poucos, do mundo que se cria ao seu redor. Histórias de amoras, de assombrações, de pescarias, de bicicletas. São histórias simples, deliciosas e bem-humoradas. Histórias que dão asas aos olhos e sugam o aroma dos pães da infância. Há uma menina que conta essas histórias com o doce sabor da lembrança. E contando, enfeita o mundo de outras meninas. E contando, faz com que a vida se torne mais rara. E contando, abre caminhos, espreita as manhãs. E consegue, mesmo através de janelas fechadas, deliciar-se com o azul dos horizontes. E por mais que as chuvas se façam e por mais que os frios nos encolham, essas histórias sempre acabam por nos devolver o sol. Um sol imenso feito de tardes onde a poesia se refugia em palavras que nos levam de volta às esquinas do coração. E porque há tantas palavras adocicadas, há meninas contando histórias para outras meninas, que as contarão para outras meninas, numa repetição que as encante e as ensine a viver. Sergio Napp