O livro 'Do espiritual na arte' é uma suma das ideias estéticas de Kandinsky. O ponto de partida de sua concepção artística é a visão profética da vida espiritual da humanidade. O artista compara o momento espiritual da sociedade a uma pirâmide, em que a base representa o que há de mais material e o ápice, o que há de mais espiritual. A base avança lentamente na direção de seu ápice, isto é, tornando-se mais e mais despojada de sentimentos mesquinhos e do materialismo, alcançando com muito esforço o que o ápice da pirâmide vivenciava ontem. São poucos os que ocupam o ápice da pirâmide; algumas vezes, resumem-se a apenas um ser humano que, incompreendido pela maioria, é responsável por fazer avançar toda a humanidade. Nesse sentido, a atividade criadora artística tem uma conotação messiânica, uma função de revelar à humanidade os novos parâmetros do progresso espiritual. Era assim que Kandinsky concebia a atividade artística que elaborava o abstracionismo. Para ele, "todo aquele que mergulhar nas profundezas da sua arte, à procura de tesouros invisíveis, trabalha para elevar esta pirâmide espiritual, que alcançará o céu" (Do espiritual na arte).