'O Bonde' coloca o leitor nos trilhos de uma aventura singular, a da reconstrução do imaginário de um homem. Nessa vida de mão dupla sobre um único caminho, o romance se apresenta como um vaivém saboroso de pequenas catarses e de sentimentos recortados por mudanças de perspectiva. Simon consegue, num jorro, dar cheiro e consistência ao seu relato sem trégua. Caso a imagem não fosse antiga, seria o caso de afirmar que ele pôs em marcha uma máquina do tempo ou uma máquina de escrever, ou uma locomotiva de escrever o tempo, quem sabe de reescrever a trajetória intemporal das recordações. Depois de tantas conquistas e de tantas travessias, o escritor, por seus próprio trilhos, recuperou a sua alma de criança para, no balanço suave de um bonde chamado memória, visitar não somente a sua infância, mas também a nossa, a de todo mundo, a de qualquer um que segue para trás redescobrindo em cada curva os sustos, as esperanças, os desejos e as escolhas já consumadas.