Mais que uma mera história de detetive - ou pelo menos uma das mais originais. As pistas (às vezes falsas) vão sendo deixadas pelo caminho, ampliando as possibilidades de leitura. Mas este não é um livro comum de mistério - a trama revela uma série de costuras, dobras e compartimentos secretos, habilmente tecidos em tintas e cores inesperadas. Por mais que as máquinas infalíveis de pesquisar e descobrir tudo estejam presentes e sejam esmiuçadas em suas improváveis engrenagens, por mais explícitas que sejam as ligações entre as personagens (a mãe doente, o pai já falecido, as amantes singulares ou plurais, o detetive), por mais revelações surpreendentes, artefatos e dispositivos que possam ou não ser inventados, o que está em jogo aqui em primeiro lugar é o sabor da linguagem: a mistura de ritmos, sons, enredos e gêneros, a dosagem de cada ingrediente na medida exata para aguçar o paladar do leitor - enquanto se desvenda a fórmula mágica, o teorema incompleto que possa decifrar a palavra-chave que dê nome a esta misteriosa invenção.