Leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade, consistência [...] Os contos de Flavio Ulhoa Coelho são um mergulho nessas virtudes. [...] – um convite à imaginação do leitor, convite esse que perpassa todo o livro. Está no absurdo do homem que carrega uma maleta cheia de dedos em uma “missão secreta” em O carregador de dedos, na saudade rubra e triste de Natal, vermelho, na mudança de ponto de vista em Adocão, na dolorida homenagem ao pai em Nove de Julho. É contando com um leitor ativo, inteligente, que essas histórias se realizam. E, mais que oferecerem respostas, se abrem em um diálogo com a reflexão de Calvino: Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser completamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis. [?? por Isabela Noronha]