A imigração é um labirinto. Um labirinto de concreto cujo céu não se vê. Seguir em frente é o único sentido e até mesmo voltar para trás significa seguir em frente. Decidir tirar os pés do próprio chão, cujo solo é conhecido, cujo terreno está medido, onde se planta, onde não se planta, onde é possível colher ou não, é um ato de coragem. Perguntam então porque faz-se isto se é um ato tão duro consigo mesmo? As vezes a gente conhece o próprio solo, mas está exausto da espera pela colheita. As vezes, ainda que se saiba sobre o teor do solo, da terra abaixo do seu corpo, é preciso que o grão brote, e se não brota, a sobrevivência leva os humanos, que tem pernas, a se movimentarem. Assim constituiu-se o mundo, a sociedade, as civilizações. Homens e mulheres com pernas caminharam, deslocaram-se para onde já estavam deslocados os seus sonhos. [...]