Como Alice do conto de Carroll, enveredando-se pelos caminhos de uma investigação, a autora encontra uma chave e com ela ousa abrir portas pelas quais deixa entrar seus companheiros de jornada, cujos pseudônimos encarnam nomes de personagens do clássico Alice no país das maravilhas. No entanto, estas são crianças reais que, com suas narrativas e olhos de limpa trilhos vão, junto com a nossa Alice, desvendando mistérios, sentidos e significados do que deve ser a atividade principal da criança: a brincadeira, seus modos, tempos e objetos do brincar. O livro é um convite para embarcar junto nessa aventura e experimentar, do lugar de gente grande, encolher/diminuir, para ir até onde seu desejo o levar; usar as chaves que a narrativa oferece para adentrar o mundo do conhecimento construido e compartilhado, e constatar que crianças podem ser, e muito bem, protagonistas desse processo. Ao contrário de Alice, o leitor não precisará atravessar o espelho para descobrir o que há por trás dele, mas, certamente refletirá sobre sentidos do brincar desvelados pelas crianças, análogo a correr sobre o vento (Gata Diná). Afinal, como disse Duquesa quem nunca brincou, nunca foi criança. E, para não perder-se no tempo, o relógio do Coelho Branco pode oferecer um alerta: juntemos as nossas forças, alimentemos a nossa imaginação e fantasias, peguemos carona nas asas do vento ... Brinquemos! Maria de Fátima Araújo Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora do Núcleo de Educação da Infância - NEI-CAp/UFRN.