Em Agosto de 410, Roma é saqueada pelos godos chefiados por Alarico. A notícia chega rapidamente ao norte de África, trazida por grande número de refugiados. Santo Agostinho, o bispo de Hipona, reage à notícia, ao clima de ansiedade que se respira um pouco por todo o império e também às acusações vindas dos pagãos que responsabilizam o cristianismo pela decadência de Roma. Nestes sermões que pregou ao longo do ano que se seguiu, Santo Agostinho formula um conjunto de respostas e argumentos, depois devidamente estruturados no De excidio Vrbis Romae sermo. Aqui, pese embora o ‘patriotismo’ romano do bispo africano, diante da evidência de que também as civilizações têm um fim, ‘cai’ o mito da Roma Aeterna e nasce a ideia das duas cidades: a cidade efémera, fundada na terra; e a cidade eterna, fundada na filiação divina do homem. Peregrino naquela, o homem anseia por esta. Podemos, por isso, ler estes sermões agostinianos como a génese da sua obra monumental De ciuitate Dei.