Câmara Cascudo: um brasileiro feliz é um registro de vinte anos de convivência afetuosa, admiração crescente entre autor e discípulo, leitura da obra de Câmara Cascudo e interesse pelos fatos marcantes de sua vida. Não se pretende que seja uma biografia tradicional. São retalhos de uma vida bonita, de um trabalho profícuo e sua projeção no panorama cultural do Brasil. O escritor Diógenes da Cunha Lima chegou a Natal (RN) aos 13 anos de idade. Seu pai, leitor voraz, disse-lhe: Procure Cascudo. Câmara Cascudo é um rio, o resto é tudo riacho. Atrevidamente, foi conhecer o mestre. Esperava encontrar um homem sisudo, em atitude superior como conviria a um sábio, mas deparou com alguém simples, sem a menor pose, que lhe deu chocolates e conselhos de estudo e leituras, dizendo que deveria beber água da fonte. Depois foi seu aluno de direito internacional público na Faculdade de Direito de Natal. Promotor cultural e da sociedade, Câmara Cascudo estimulou pessoas e instituições. Criou a Universidade Popular e, depois, respaldou a criação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Fundou a Academia Norte-rio-grandense de Letras, deu vida ao vetusto Instituto Histórico do Estado, criou a Associação Brasileira do Folclore, a Sociedade Araruna de Danças Antigas e Semidesaparecidas. Por outro lado, não esqueceu a alegria, criando a Sociedade dos Maridos Oprimidos e o lendário Clube dos Inocentes. O homem que mais compreendeu a alma do povo brasileiro, no retrato traçado por Marcus Accioly, foi e ainda é o símbolo maior de nossa brasilidade. A sua obra, com quase cento e cinquenta livros publicados, é também espantosa em qualidade. Mas, acima de tudo, é obra quase impossível de ser feita por um único homem, senão por uma universidade inteira. E Cascudo fez tudo sozinho. A ideia central deste livro é transmitir um pouco da vida de um feliz brasileiro, um mestre que sabia explicar e identificar o seu povo porque aproveitava o recitado poema para dizer: Apenas amei a minha terra e a minha gente.