As ficções de Thiago Ambrósio Lage oferecem um futuro que eu escolheria habitar, acreditem, sem hesitar um minuto. Mas não me entendam mal. Não estou dizendo que o futuro idealizado pelo contista é uma utopia invencível, sem a menor rachadura. Thiago sabe que o combustível atômico da literatura é o conflito. E todos nós sabemos que as mudanças sociais e o progresso tecnológico sempre custaram caro. Ao menos num ponto, o futuro da humanidade será igual ao presente e ao passado: cheio de conflitos. O que Thiago faz maravilhosamente bem é flagrar, nas crises de nosso futuro trans-humano, os momentos mais afetivos e intuitivos. Suas ficções salvam o que há de melhor em nossa espécie: a empatia, o amor, a generosidade, a esperança Mesmo quando as coisas caminham de mal a pior (para os personagens), o leitor sente que a integridade das frágeis virtudes humanas, demasiado humanas, não foi comprometida. Neste livro vocês verão que a engenharia genética, os humanos sintéticos, (...)