O que vemos neste Álbum, de Samuel Delgado Pinheiro, é um trabalho que se decanta de múltiplas experiências com a linguagem, fazendo com que ela passeie, tranquila, por paisagens das mais diversas, com suas cores, suas coisas, seus tempos, seus movimentos. Samuel é um leitor da poesia e da filosofia japonesas. Delas aprendeu a observar o \u201cMu\u201d (?), esse espaço entre as coisas que abre um vazio onde nosso olhar pode pousar e a poesia pode surgir. Ela não vem de dentro para fora, mas, o contrário. Essa é uma das lições deste livro. A poesia é anotação do mundo, em sua concretude e plasticidade. Por isso Samuel conversa com João Cabral de Melo Neto, com Matsuo Bashô, com Roland Barthes, desfazendo os caminhos previsíveis do eu, em uma poesia atraída pelo exterior. Samuel é um viajante, alguém que se encanta pelas línguas e pela estrangeiridade. No nosso mundo de hoje, duro, fechado, medroso, é uma alegria e um conforto poder acompanhá-lo nas suas viagens.