O patrimônio não existe. Com essa provocação, este livro nos leva a conhecer a história na qual a Vila Itororó foi reconhecida como patrimônio cultural. Conjunto arquitetônico do início do século XX, sua construção em etapas e seu constante estado de mutação traduzem, na materialidade, as disputas em torno dos seus significados e usos possíveis. A moradia sempre foi seu uso principal. Sua entrada na agenda preservacionista, no entanto, levou técnicos e especialistas a demandaram "usos mais nobres" para o espaço. A análise do processo de patrimonialização da Vila permite vislumbrar as transformações e permanências por que passou o campo da preservação cultural em São Paulo. A demanda por uma abordagem integral do patrimônio cultural, que abrace o cotidiano, a preservação social e sua intersecção com a cidade, é urgente. Afinal, o patrimônio só existe quando nos relacionamos com ele.