Neste convincente livro, escrito com elegância, Neil Elliott articula uma tese que, ao mesmo tempo, vai contra a antiga compreensão de Romanos como um resumo da teologia paulina da lei e do Evangelho e também contra a "nova perspectiva" sobre Paulo, centrada na visão do apóstolo sobre a relação entre judeus e gentios na nova ordem. Ao longo do caminho, Elliott encontra surpreendentes paralelos entre a antiga ideologia de Roma e o mundo ocidental de hoje. Elliott mostra como a carta de Paulo teria sido lida, nos anos 50 d.C., a partir do contexto e das categorias da ideologia do Estado romano, resgatando, assim, a carta de um voo para a espiritualidade não corpórea. Novas e surpreendentes intuições se obtêm com respeito às principais seções e temas da carta de Paulo. A reinterpretação fresca e admirável que Elliott oferece da carta paulina no contexto da ideologia da Roma imperial traz para Romanos as últimas intuições dos estudos clássicos, da crítica retórica, da crítica pós-colonial e da história dos povos. Comparando a carta com fontes romanas (Cícero, Virgílio, as Res Gestae de Augusto, Sêneca, poetas do tempo de Nero e também historiadores e satíricos posteriores), Elliott fornece uma nova e dramática leitura da carta paulina como um confronto de Paulo com a arrogância do Império - e com um emergente Cristianismo já atingido pela sedutora ideologia do poder imperial. Provocadora em sua interpretação de pontos específicos, a tese básica de Elliott dificilmente poderá ser ignorada pelos posteriores intérpretes de Paulo.