"O tempo atual demanda um esforço brutal na direção da busca de fendas reconstrutoras de paisagens, brechas inspiradoras de novas geografias, becos produtores de oxigênio, buracos criadores de armas, vazios preenchidos de um vitalismo espaçoso... E por que falo de esforço? Porque estamos muito cansados. Fadigados das novas formas de tirania contemporânea: informações inócuas, comunicações nocivas, relacionamentos hostis, solidões solitárias, enfim, o reino da doxa em ascensão deliberada. A fundamental imagem de uma solidão povoada apregoada por Deleuze é feitiçaria para alguns de nossos contemporâneos. Daí o nosso cansaço. Esse cansaço, então, torna-se um indício de que uma estratégia possível é encontrada nas sábias palavras de Lawrence: recuar para melhor saltar. O ato de recuar já é uma arma. Fugir para buscar uma arma. Recuar é arma. Recuar e pensar. Recuar afirmando o vitalismo. Recuar, pensar, vitalizar-se, armar-se, amar-se... O livro organizado por Ester Heuser é uma (...)