Intelectuais, cultura política e ditadura no Brasil reúne textos de pesquisadores que, nos últimos anos, vêm realizando trabalhos acerca de temas ligados à ditadura, discutindo principalmente a produção de culturas políticas compartilhadas por intelectuais naquele contexto. Embora os órgãos de repressão sejam o componente mais visível em uma ditadura, afinal cabe a eles controlar e reprimir quaisquer formas de oposição ou resistência contra o regime, também cumprem um papel fundamental os agentes que atuam no sentido de construir a legitimidade desses governos. Durante a ditadura iniciada em 1964, um conjunto de intelectuais auxiliou na construção de uma determinada imagem do regime, elaborando discursos acerca das dificuldades enfrentadas pelo Brasil de João Goulart, usando dados estatísticos de forma parcial para provar o crescimento econômico, construindo a imagem negativa dos comunistas, propagandeando as ações de guerrilha urbana e rural como atividades criminosas. Neste livro, mostra-se como, na ditadura vivida no Brasil por mais de duas décadas ou mesmo depois de seu final, o uso da coerção e do consenso foram fatores fundamentais para a consolidação do regime político.