Morte às Vassouras é uma narrativa emocionante, contendo a análise crítica de uma jornalista, que trabalhou como empregada doméstica em regime interno, quase como um cárcere domiciliar, como conseguimos notar nas suas envolventes páginas. Uma realidade vivida por muitos emigrantes, mas registrada por poucos. Um relato histórico e polêmico como nenhum outro... “Cheguei de mansinho, oportunamente convidada para dar um apoio físico aos móveis, pratas, cafés da manhã, almoços, jantares e principalmente aos anciãos. Usando uma máscara de timidez, fui aos poucos com o meu: muito obrigada, por gentileza, com licença, além de palavras eruditas escapadas prévia e propositadamente. Ao qual sentia olhos atentos sendo depositados em mim, curiosos e ao mesmo tempo alheios, frios. Nos momentos de regozijo, alguns comentários enaltecedores, tipo como ela é educada, meiga, é assim porque lê muito, não é? Eu me sentia perdida por entre panelas, mesas pré-colocadas, ritual, ritual. “A vida é um ritual, amorzinho…” Agachada ao chão catando pequenas migalhas de pão que caíam enquanto almoçavam ou jantavam com a minha presença, à espera que eles acabassem, como se fosse uma estátua apodrecida, sem vida, no meio da sala.”