Tenho as minhas próprias memórias de "O tempo e o vento", de quando o título ainda era "O punhal de prata" e meu pai começava a escrevê-lo. Ele trabalhava na mesa da sala de jantar. As folhas saíam da máquina de escrever com grandes espaços entre as linhas, para adendos e correções. Depois ele mesmo copiava o texto revisado. Eu admirava a rapidez com que ele batia à máquina, e não foram poucas as vezes em que li o que ele tinha escrito recém "saído do forno". Nesses casos fui o primeiro leitor da obra, um leitor privilegiado, presente na criação. Mas acho que merecem mesmo o título de leitoras privilegiadas pessoas como a Maria Aracy Bonfim, que se aprofundam na obra e, como sensíveis escafandristas, trazem à tona tesouros insuspeitados. E, além de tudo, nos ensinam a reler. Obrigado, Maria Aracy.