No quadro de forças antagônicas que têm imposto à contemporaneidade um espectro distópico e outras nuances disfóricas, com a crise de valores éticos, morais, políticos e humanos, só mesmo a poesia para nos conduzir, numa perspectiva dialética para além das tempestades que se se sucedem. Nessa direção se dirige a oficina de Adalberto Alves, num compromisso deontológico com uma palavra de ordem que esterilize os focos resistentes da decadência civilizacional, em que a carga semântica de sua arte, um endurecer sem perder a ternura, culmina em desmobilização geral do que na vida é porosidade e desencanto. Desde seus primeiros livros, a poética de Adalberto vem consolidando sua postura crítico-reflexiva do ser, do tempo (um ladrão impenitente) que tudo escasseia, da realidade histórico-social e dos afetos, além da preocupação exegética com o lugar e o valor (imprescindível) da poesia nessa época antiepopeica de intensas metamorfoses e câmbio de referenciais. O legado de sua produção (...)