Haveria uma invisibilidade feminina? na memória coletiva da greve de Osasco de 1968? Essa foi a questão que encorajou a historiadora Marta Gouveia de Oliveira Rovai a reorientar os rumos de sua então principiante pesquisa quando, coletando relatos masculinos sobre a greve, ela soube que duzentas operárias de uma fábrica de fósforos, que tentaram se juntar aos operários grevistas de outra fábrica, foram “dispensadas” pelos homens e mandadas de volta às suas casas. O livro A greve no masculino e no feminino [Osasco, 1968] resulta dessa reorientação, traduzida na escuta paciente mas obstinada daquilo que as mulheres – quase imperceptíveis nos discursos dos homens – tinham a dizer sobre os significados da greve em suas trajetórias de vida. As lutas pessoais e políticas se cruzaram na atuação dessas mulheres, que se posicionaram como sujeitos históricos no contexto de redemocratização do país. Do espaço domiciliar à entrada em cena pública como mediadoras num contexto de repressão