Presente em todos os gêneros dramáticos, o Velho é o personagem que tem o seu discurso produzido no centro de todas as mudanças. Representante do tempo antigo, é ele quem problematiza as novidades de uma sociedade em transformação, quer pela afirmação autoritária e exagerada de seu poder contra o novo, quer pela necessidade de ocupar o lugar do jovem, que definitivamente não lhe pertence. De um modo ou de outro, o que temos é a afirmação de que não se pode segurar as rédeas do tempo. A função do Velho no teatro é, ao mesmo tempo, simbolizar e defender a memória da comunidade e ilustrar os restos ridículos de uma sociedade morta. É o senex quem se afirma como sábio, representando também os destroços de um mundo caduco, evidenciando a conversão do seu cajado de mando em bengala que sustenta o corpo cansado. O Velho é, portanto, uma personagem de profunda importância para o debate, no teatro, sobre as transformações do mundo, para a manutenção, pelo bem e pelo mal, dos códigos culturais, dando ou não continuidade ao repertório mítico de sua nação. É pela relação entre o senex e o jovem, entre o passado e o presente, que os costumes da sociedade podem ser observados com bastante clareza. A outorga de poder do Deus Pai ao Deus Filho sempre parecerá, em termos simbólicos, o anúncio (ou o desejo) de um novo mundo.