Lembro da ansiedade que sentia a cada vez que a médica entrava para medir minha dilatação, e da decepção a cada vez que ela me dizia que o quadro se mantinha o mesmo. Lembro das contrações finais, da dor quase insuportável e do desespero para sair daquela situação. Lembro dos olhos da doutora me dizendo “é agora!”, e de não conseguir sustentar minhas pernas trêmulas. Lembro do desespero, do medo e da maca passando depressa por minha família. Não lembro do primeiro choro do meu filho nem da nossa primeira troca de olhares. Lembro do meu próprio choro e ainda consigo sentir as dores finais do parto normal. Lembro da hora em que nos levaram para o quarto, eu na maca e ele em um bercinho ao lado. Estávamos muito perto, mas já sentia uma saudade absurda daquele bebê grudado em mim. Lembro do elevador: eu, o Mateus, três enfermeiros e o clic que eu senti ao olhar aquele bebê e perceber que, dali para frente, ele seria a razão da minha vida.