Comentários e artigos sobre os mais diversos temas correm o sério risco de não terem uma unidade e, em muitas oportunidades, sequer um fio condutor. Esse, porém, não é o caso de Gay da Fonseca em Fragmentos. Há um fio condutor e há também uma unidade manifesta na coerência do autor, que recolhe os cacos desse universo em constante ebulição para reconstruí-lo com uma visão crítica e, ao mesmo tempo, amorosa, desejosa de melhorá-lo. O autor apresenta a seus leitores desde lembranças, nem sempre tranquilas, da Praça da Matriz, onde ecoaram movimentos revolucionários do século que já se foi, até comentários sobre fatos políticos atuais do Brasil e do mundo - passando pela educação com seus eternos dilemas numa sociedade que ainda não vê na instrução universal de boa qualidade a solução para seus problemas sociais mais urgentes, se não todos, pelos menos quase.