Na rua da capital, um animal magro, esquálido, notavelmente triste se esforça para tracionar uma carroça lotada de entulhos. As horas arrastam-se, o sol ferve sobre seu pelo marcado pelo chicote. A água é apenas uma miragem, assim como o pasto onde comer e espojar-se. A cena narrada pode remeter o leitor às ruas do Rio de Janeiro no século XIX. Mas não, aqui ela retrata a situação de um equino numa cidade brasileira do século XXI. No asfalto quente, em meio ao trânsito caótico e longe dos campos: assim trabalham os equídeos nos centros urbanos. Como analisar e quiçá justificar a permanência de carroças em cidades, num tempo em que já existe mão de obra mecânica e as ruas e avenidas mal comportam os automóveis? Ao analisar a realidade vivenciada pelos animais explorados e as implicações dessa prática para a segurança no trânsito e para o meio ambiente, a pesquisa traça um panorama do tripé normativo aplicável ao tema, composto pela Constituição Federal (art.225), pela Lei de Crimes Ambientais e pelo Código de Trânsito Brasileiro. Entretanto, os fundamentos que conduzem a reflexão sobre as carroças em cidades vão além da seara jurídica. Com o intuito de analisar objetivamente essa situação, a autora busca não só no Direito, mas também na Filosofia e na Ética, a resposta para o problema proposto. Carroças urbanas & animais é uma obra transdisciplinar que convida o leitor a refletir sobre os limites éticos e jurídicos que deveriam conduzir a postura humana frente aos animais de tração que trabalham em cidades.