O projecto Timeu-Crítias circula todo ele em torno dos conceitos de origem, criação e constituição ordenada; num primeiro momento cosmológicas e, num segundo, sócio políticas ou mesmo civilizacionais. No Timeu, um princípio divino inteligente (o demiurgo) molda, como um artífice, a matéria pré-cósmica em obediência a um modelo de racionalidade externo (o arquétipo). O resultado é o mundo, uma imagem do modelo; e o Homem, um microcosmos. No Crítias, depois de suposta a cosmologia, encena-se uma guerra entre duas civilizações contrastantes (e também elas arquetípicas) que serve de paradigma para a constituição originária das sociedades e também para a natureza cíclica da supremacia política. Deste breve texto não resta senão a parte inicial que permite não mais do que suposições instáveis. Sobreviveu, porém, um património ficcional riquíssimo em tudo o que se tem criado sobre a suposta Ilha da Atlântida e o mito a que deu origem.