A cidade, sua textura cultural, a densidade e a narratividade de suas articulações é um dos temas de ponta para quem quer discutir a cultura desse momento enigmático que vivemos. Foi esse o tema que Christina Musse escolheu para seu estudo. Não contente, elegeu ainda uma cidade - Juiz de Fora - cujas peculiaridades são fascinantes e zona de risco para o pesquisador. Uma cidade cujos sentidos de fronteira, de periferia, de margem, de cruzamento, são potencializados de forma única. Além do interesse histórico dessas formações narrativas, a opção por uma metodologia que privilegia a historicização, cumpre aqui um papel modelar. Esta é precisamente a base conceitual e teórica dos Estudos Culturais - campo do conhecimento em que a autora se move -: perceber que a construção de metáforas e formações discursivas não são pura criação espontânea. Ao contrário, são demandas concretas de períodos históricos específicos. Esta estratégia, num momento de parcos recursos e modelos teóricos que deem conta da quebra radical de paradigmas e das questões transdisciplinares que se colocam com velocidade surpreendente, vem mostrando uma eficácia analítica significativa. Portanto, além de outras fontes consultadas, depoimentos gravados, material artístico e literário consultados, a imprensa ganha um espaço significativo nesse estudo.