Acompanhei o trabalho de Eduardo desde o início e confesso que não tinha ideia de quanto renderia. Eu tampouco havia percebido Tarde em minhas leituras formadoras. Fora influenciado pela tradição kantiana e me identificava com a sociologia de Durkheim. Assim como o indivíduo, queria eu acreditar, a sociedade organizava-se segundo a lógica sistêmica do entendimento. O objetivo da pesquisa seria encontrar a boa classificação dos fenômenos. Pensar grande, definir estruturas e, como um engenheiro, planejar. Eduardo, com Tarde, resistia a este modo de pensar. Insistia na imprevisibilidade dos acontecimentos, na abertura dos processos, na dimensão micro dos ambientes em que as decisões são tomadas, nos efeitos de contágio que mobilizam a opinião. Buscava uma microssociologia e fez de Tarde a sua porta de entrada. É uma busca que nos importa com certeza. Em meu trabalho sobre a violência urbana, por exemplo, encontro amiúde metáforas de guerra que dominam a imaginação social e a [...]