Eu gosto muito do que o Knewitz escreve. Sempre gostei. Desde quando li seus primeiros textos. O Knewitz sempre tentou alçar voos para além do convencional. É um autor de grande inventividade, de arrojo estético, que não tem medo de que absurdo e o delírio contaminem suas narrativas. E agora, após um livro de contos e um romance, me chega às mãos este Viagem ao redor do umbigo, uma novela. E o Knewitz mais uma vez surpreende. Primeiro, pela força das imagens que nos entrega; depois, à medida que lemos a obra e nos abrimos à senciência. Uma senciência, diríamos, literária, se é que isso é possível (acho que é). O livro faz um apelo, a todo instante, aos nossos sentidos. É sinestésico. Por vezes, delirante. Alterna capítulos em prosa com outros que são pura prosa poética. É um livro cambiante como os cômoros, as dunas que surgem no espaço desta narrativa e que, sabemos, são modificadas com o vento. E a novela-duna de Knewitz também muda sua forma quase que a cada capítulo. (...)