O livro que tens em mãos, caro leitor, tece um imaginário africano e cumpre uma qualidade, a qual Ítalo Calvino nos propõe: "A literatura como função existencial, a busca da leveza como reação ao peso do viver." Sendo assim, leitor e obra dialogam a ponto da comoção acontecer pelo viés do encontro com o discurso poético contextualizado em situações cotidianas e transfronteiriças do nosso século XXI. Desta forma, há que se cantar a Origem com sons ou letras, reatualizando a ancestralidade latente nos homens. Estes, por sofrerem as intervenções de Entes sobrenaturais, necessitam do ritual da descoberta da irrupção do sagrado para conscientizarem-se dos seus processos de hominização como seres mortais, sexuados e culturais. Nesta direção, a obra em questão profere o convite de travessia, cujo aludir renova a aliança mítica, tal qual aquele arco-íris a iluminar o céu. Ao leitor, basta ser rio a lançar-se para o mar permitindo-se conhecer outras margens e ir ao encontro de seu limite: o horizonte.