Este livro é fruto das reflexões e questionamentos realizados durante minha pesquisa de mestrado, que tiveram como ponto de partida o sentimento de inadequação que me inundava, quando era confrontada com a necessidade de intervir em conflitos envolvendo adolescentes indígenas, como Juíza de Direito, no Estado de Mato Grosso do Sul. À medida que me aproximava e dialogava com as comunidades, percebia a complexidade que envolvia o tratamento responsivo da diversidade cultural, que era continuamente ocultada pelo Sistema. O Direito, no afã de ser universal, era de fato insuficiente para tratar do abismo existente entre os mundos que ali se encontravam. Ajustar as lentes e compreender que é possível existir diversas adolescências em contextos culturais diferenciados, ou ainda conceber que essa classificação, a partir da idade, pode não fazer sentido para determinados povos indígenas, demanda a construção de novas práticas. Na seara da Justiça infracional a intervenção por meio do (...)