Reunindo uma seleção de obras realizadas pelo artista entre 1990 e 2006, o volume convida o leitor não a um passeio em linha reta por sua produção, mas antes a um mergulho em sua poética, estimulando o leitor a encontrar por si mesmo as correspondências entre as obras, movendo-se com liberdade entre as páginas do livro, assim como um espectador se move entre os quadros de uma exposição. Marco Buti emergiu no cenário artístico de São Paulo em meados da década de 80, no contexto de uma nova geração de gravadores que procurava praticar a gravura não como um gênero menor, mas como um processo original de pensamento plástico. Nos anos 90, realizou sua primeira exposição em circuito comercial (1995) e teve a excelência de suas estampas reconhecida em vários prêmios, entre eles, o Prêmio de Gravura 1977 da Associação Paulista de Críticos de Arte e, em 1999, o Prêmio Especial do Júri, no Premio Internazionale di Biella, na Itália. Os anos 2000 assinalam o ponto de alta maturidade, no qual a investigação das relações entre sujeito e metrópole, paisagem e memória, cálculo e acaso, se cristaliza - tanto na gravura como na fotografia (e no diálogo entre estas) - em imagens de silêncio e precisão ímpares. O texto de abertura de 'Ir até aqui', de autoria de Alberto Martins (também responsável pela organização do volume), dialoga de modo intenso e inusitado com a poética do artista. Na forma de um diário de trabalho, este ensaio não só apresenta, comenta e discute as obras e a trajetória de Buti, como introduz o leitor no dia-a-dia da preparação de uma exposição de artes plásticas, com suas idas e vindas, e a troca constante de idéias entre o artista e o curador (que prefere se apresentar aqui como interlocutor). O volume conta ainda com breves textos do artista que, a título de depoimento pessoal, introduzem o leitor nas principais fases de seu trabalho plástico; e traz, ao final, uma cronologia que relaciona, de modo não-esquemático, a vida e a obra do artista.