Nos catorze contos deste livro de Saulo Dourado, natureza íntima e intelecto se unem ou se embatem para decidir quem mais fala de desejo e do destino. Aquilo que foi rejeitado em tempos remotos e a cada vez na formação de uma pessoa, desde a selvageria ao impulso pelo absoluto, volta nas brechas dos gestos e da vontade. Qual seria a reação possível: dominar, extrapolar, ignorar, canalizar ou aceitar a força primária? E seria mesmo possível decidir a respeito do próprio ímpeto, se for ele mesmo o que fizer decidir? Cada personagem se desafia no equilíbrio de opostos. o amor vem por beleza ou por contrabando, e no mar onde toda química se iniciou, reviram-se futuros destroços e fragmentos, em um ciclo de início e de desfecho. Fernando Muriel, de Relato Armazenado, acredita que a civilização foi longe demais e nós todos passaremos a nos negar uns aos outros até o último. Renata e Carlos, de Um cílio no teu polegar, e os poetas de Descida, indicam que a sorte está sempre lançada e é [...]