Alberto Vellozo Machado traz, em crônicas e em poesias, valiosas reflexões sobre um tempo da existência em que um vírus, em sua caminhada invisível, tentou mais uma vez eliminar a vida humana, como se ela fosse neste planeta uma inva­sora ou funesta inimiga. Há, em toda a obra, muito mais escrito nas en­trelinhas do que as palavras que foram escolhidas cuidadosamente para retratar um modo de ver a realidade que passava ruidosamente pelos sentidos do humano, apavo­rado em sua existência e amedrontado pela materialidade desestabilizada. Transcendem cenas existenciais que levam a profundas reflexões nem sempre acessíveis aos olhos passantes do leitor. São elas as que vão além de cada ponto final de frases que fazem a estrutura do texto, mas que não cabem nos sempre estreitos limites da página. Isso porque Alberto, enquanto escritor, nunca deixou abandonada a sua condição de humano sensível ao momento, sendo fiel ao seu estilo literário de excelente prosador, ensaísta e poeta.