As pessoas que vivem em situação de rua expõem um mundo que é muito mais do que aquilo que aparece ao transeunte desavisado da cidade. Esse mundo tem outra temperatura e pressão, tem uma cultura própria, diversa, complexa e desconhecida. Vida e a morte se jogam ali cotidianamente de forma direta. A sobrevivência é de um dia para outro. As formas de articulação em defesa da vida desta popu­lação, que aumenta a todo instante, são muitas vezes inusitadas. São estratégias criativas, violentas, poé­ticas, destrutivas, solidárias, em um espaço urbano permeado pela violência e, contraditoriamente, pela criação e coletivização nos movimentos sociais. Este livro congrega duas pesquisas realizadas na ci­dade de São Paulo. São dois olhares: um qualitativo e outro quantitativo. Duas abordagens pelas quais o poder público busca compreender o mundo da rua de forma profunda. Os trabalhos expõem a grande diversidade de situações que ocorrem nos equipa­mentos públicos e privados, nas calçadas, nas malo­cas e demais espaços onde a vida das pessoas em situação de rua acontece. Ambos procuram dar voz a esses sujeitos na busca de alternativas consistentes para uma questão tão grave.