Na revista Crítica Marxista, após uma “fase de maturação teórica mais longa”, Kurz elabora pela primeira vez sua teoria da crise a partir dos processos de cientifização do trabalho e dos seus efeitos na produção global de mais-valia. “A nova crise não é mais uma crise passageira de superacumulação ou de superprodução”, diz Kurz, e sim “uma crise da própria criação de valor, diante da qual o capital não encontra mais saída”. Essa crise deriva de uma contradição entre a enorme produtividade material criada pelo capitalismo e o seu aprisionamento na forma social do valor. Sua contribuição seminal para a teoria da crise da crítica do valor foi apresentada em um olhar retrospectivo no Editorial de Krisis 12: “Quando apareceu o ensaio A crise do valor de troca na antiga Crítica Marxista n.1, em 1986, ficou totalmente claro para nós que essa contribuição implicava uma guinada fundamental contra a corrente principal de toda formação teórica marxista precedente. Contudo, não tínhamos a menor suspeita do que tudo isso viria a significar”. Por outro lado, “o ensaio A crise do valor de troca operava – de um modo completamente ingênuo para nosso ponto de vista atual – com uma referência positiva à boa e velha luta de classes e ainda via de forma muito tradicional a classe trabalhadora como sujeito revolucionário”. A ruptura que se seguiu representou um abandono do ponto de vista do trabalho como fundamento da teoria social crítica. Ao longo dos anos, o desenvolvimento da crítica do valor levou à superação não só da ontologia do trabalho, mas também da “perspectiva de classe”, que no ensaio de 1986 ainda é assumida positivamente.