O resto da noite seria só deles. Entraram no carro enlevados pelo desejo que em breve saciariam nos braços um do outro. Sem pressa, Conrado dirigia com toda prudência; de quando em vez desviava o olhar para Calina rapidamente. Nesses instantes, saltava à vista o brilho cativante que somente os olhos dos apaixonados refletem. Dobraram a última esquina que dava acesso à rua de Conrado. Menos de um quilômetro os separava do aconchego íntimo. Mais um cruzamento, e chegariam em casa: o sinal verde do semáforo abreviava ainda mais o momento do idílio. De repente, como se saísse do nada, um carro em alta velocidade avançou o farol vermelho. Conrado pôs no pedal do freio toda a sua força, mas foi inútil; o outro veículo abalroou em cheio a lateral do seu. Um estrondo surdo invadiu sua cabeça. Depois, um silêncio aterrador. Não viu nem sentiu mais nada. Quando recobrou a consciência, encontrava-se em uma ambulância, sendo assistido por um paramédico.