A história do pensamento histórico ao longo do século 20 registra rupturas, bifurcações, aproximações e deslocamentos que, de modo nada mecânico, mas muito complexamente, aderem à própria história global vivida pela humanidade nessas décadas. Ainda sob a primazia do pensamento alemão na virada para o século 20, o advento das guerras mundiais e do nazismo faz alterar-se o pólo hegemônico do pensamento histórico para a França em meados do século, com a ascensão dos Annales. Essa primazia insofismável se beneficia do diálogo aberto que a "escola" francesa mantém com as frentes mais avançadas da historiografia marxista. Esse cenário será definitivamente abalado a partir da revolução cultural da década de 1960, culminada em 1968, que abala as estruturas do pensamento ocidental e atinge no âmago as concepções vigentes de história. Seus impactos podem ser sentidos até hoje. Num cenário em viva mutação, assiste-se a uma multiplicação inédita dos pólos de irradiação de cultura historiográfica, beneficiada pelas formas quase imediatas de irradiação do conhecimento na era da tecnologia do instantâneo. Historiografia contemporânea em perspectiva crítica procura oferecer um diagnóstico do atual "estado da arte" da produção histórica corrente. Seu enquadramento privilegia o foco nas tradições hegemônicas ao longo do século 20, máxime com maior ascendência sobre a produção brasileira. Reunindo um escol dos mais destacados especialistas nacionais e estrangeiros, a obra oferece análises críticas das historiografias alemã, espanhola, portuguesa, francesa e latino-americana.