Publicado em coletâneas no início do século XXI, A fratura brasileira do mundo ganha agora uma edição própria — com um posfácio inédito de Marildo Menegat — e está mais atual do que nunca. Nele, Paulo Arantes revê a ideia multiforme segundo a qual o Brasil criaria uma civilização moderna com características próprias. E, como se não bastasse, serviria de modelo para o mundo.Para o autor, o outrora “país do futuro”, naquela conotação positiva, foi uma enorme ilusão. Num contexto mundial em que a ideia de nação integrada passou a não fazer mais sentido, Arantes sonda um conjunto de estudos que, nos Estados Unidos e na Europa, passaram a se referir à brasilianização dos países centrais — países que antes já nos serviram de modelo. Assim, no processo de globalização, o Brasil se tornou, involuntariamente, um “país do futuro” em chave negativa, um laboratório do que pode acontecer a todas as sociedades em que, dia após dia, cresce o abismo entre os ricos e a massa sem perspectiva de emprego.