A dissertação de mestrado que dá origem a esta obra tem tons de autobiografia. As pesquisas se iniciaram com o que se denominou Ataques do PCC, que atingiram o autor enquanto este residia no município de Assis/SP. Naquele fim de tarde estávamos em sala de aula na UNESP de Assis quando as notícias alarmantes chegaram: seríamos atacados por bandidos, e era necessário correr para casa. Corremos e sentimos na pele a existência da criminalidade. Casas foram alvejadas, pessoas foram mortas e até mesmo lugares conhecidos pelos assisenses foram parar no Jornal Nacional por conta da violência, com todo drama que tais eventos podem carregar. Nos dias posteriores, o turbilhão de opiniões próprio de um evento de forte comoção revelaram o universo das crenças, normas, valores e atitudes que os cidadãos possuem em relação à violência urbana. Uma pequena e pacata cidade do interior vivia uma revolução, inclusive psicológica. Mas quais seriam os elementos destas mudanças? O que fundamenta uma opinião ou uma atitude contra a violência? É com base nestes problemas que foi realizada esta pesquisa, cujos dados foram coletados ainda sob o calor dos Ataques e da Megarrebelião. Muitas coisas mudaram desde aqueles dias, de modo que o presente estudo informa sobre como uma população compreende e reage à violência. Mas esta obra também é um registro histórico sobre tais eventos, bem como do grande debate sobre a violência ainda não tinha assumido as formas atuais.