Veneza é um imenso romance. E pronto. Foi engendrado em outro mundo. Em outra língua. Veneza inaugura uma linguagem além do barroco, além de Vieira, além-simetrias: o labirinto é um monstro repleto de vazio, o fora próprio da linguagem. Em Veneza nada é, tudo vem e passa sem o estado de presença. A chama seria a forma deste romance, mas uma chama vista através de um espelho d’água. Uma chama apaixonada pela água, amante do fluir cristalino. Daí sua violência. Nada é mais violento que a beleza.